Na semana passada, João apareceu novamente numa conversa por telefone com Alberico. Disse que, em certa ocasião, Donato dissera que suas músicas preferidas eram Invitation, de Paul Webster e Bronislaw Kaper, e Speak Low, de Kurt Weill. Resultado: fui ver se tinha algum registro delas. E nessa, fiquei a ouvir João Donato o dia inteiro.
Retrato do artista quando jovem |
Nos anos 1970 João estava em contato estreito com Gil e Caetano. Os dois colocaram letras em várias composições antes apenas instrumentais. João também acompanhou Gal nos shows de lançamento de Cantar. Aliás, é nesse disco que estão uma das melhores interpretações de A Rã, feita em parceria com Caetano Veloso, e o estupendo Até Quem Sabe, em parceria com o Lysias Enio. O piano de João Donato é para nocautear até o mais insensível dos trogloditas. Flor de Maracujá é outra que está neste disco e tem letra do mesmo Lysias, seu irmão. Aliás, Cantar é um dos melhores de Gal Costa: Canção Que Morre no Ar (Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli), com um arranjo maravilhoso de Perinho Albuquerque é daqueles da gente cair duro. Outra, Lágrimas Negras, de Jorge Mautner e Nelson Jacobina, é uma das mais belas canções brasileiras de todos os tempos.
Cito outros registros que merecem ser ouvidos. Bananeira, letra de Gilberto Gil recebe tratamento jazzístico “samba jazz” no arranjo brilhante de um dos nossos grandes saxofonistas, J.T. Meirelles, e lembra um pouco a Banda Black Rio, com os naipes de sopros, o piano elétrico Fender Rhodes e a guitarra a la Steely Dan. E é cantada por Ed Motta.
Caetano Veloso, no álbum Cores, Nomes, canta Surpresa, breve e poética interpretação na música feita em parceria com Donato. Os temas lentos de JD têm sempre um clima de acalanto. Tem mais uma parceria com Caetano: Naturalmente.
Fim de Sonho, com letra de João Carlos Pádua, tem a interpretação precisa de nossa melhor cantora da atualidade – atenção, opinião minha –, a joão gilbertiana, Rosa Passos. Mais uma com Rosa: A Paz (João Donato e Gilberto Gil). Tudo na voz dela fica maravilhoso. Mais uma: Depois do Natal cantada pela bela voz de Djavan, mas a melhor é a de Nana Caymmi, lançado pela EMI-Odeon em 1979.
E tem mais: João toca trombone e bem. Em Olho d’Água, de Milton Nascimento, que está no Clube da Esquina 2 é dele o solo.
Vídeos:
JD/Bananeira
JD + Ed Motta
Oi, Guen,
ResponderExcluirAqui estou em seu blog (já dei uma passada no "sobretudo, música") e prometo vir muitas e muitas vezes.
De já peço licença para tirar do seu texto sobre o Donato algumas informações para um futuro post no jazz + bossa.
Vou colocar um link pros seus blogs lá no meu, ok?
Abraços fraternos!