O nome Richard Melville Hall revela o parentesco de Moby com o escritor Hermann Melville. É autor de um clássico da literatura americana: Moby Dick, que teve algumas traduções para o português, sendo a última um catatau de mais de 600 páginas traduzida por Irene Hirsch e Alexandre Barbosa de Souza e lançado pela Cosac & Naify. É um desses livros que são mais comentados que lidos, um pouco como o Don Quixote, de Cervantes. A história, como todos devem conhecer, é a saga vingativa do capitão Ahab que “reencontra” o cachalote branco que lhe decepara a perna. Melville é autor de um relato “pra lá” de curioso, uma breve narrativa sobre um escrivão – Bartleby –, que vai trabalhar num escritório e se recusa sempre a fazer alguma coisa que seu patrão lhe ordena respondendo com um “acho melhor não”. Com essa negativa, uma série de situações tragicômicas ocorrem.
Não é possível identificar algum traço de linhagem genética aparente no compositor, instrumentista e cantor Moby, a não ser o imenso talento, convenhamos que, num meio bem mais rápido de se fazer sucesso que a literatura: a música. Moby não tem nenhuma característica do capitão protagonizado por Gregory Peck no filme dirigido por John Huston e muito menos o espírito aventureiro de seu ancestral. É franzino, cara de bom moço e ‘vegan’ – não comem alimentos de origem animal nem seus derivados como o leite e o queijo e não usam produtos como cosméticos que podem ter sido testados em animais. É um craque da música eletrônica e muito mais que um DJ. Seu som pode ser tão poderoso quanto o do Chemical Brothers ou Prodigy, no entanto mais rico em texturas harmônicas e melódicas. Para muitos o LCD Soundsystem pode estar no céu. Esses vão discordar dos que preferem Moby: questão de gosto.
Nesses anos de carreira, tem demonstrado versatilidade em transitar por vários gêneros musicais e, principalmente, sabiamente mesclá-los. É também multiinstrumentista e sabe como ninguém criar ambiências sonoras, muitas vezes simples, mas de estonteante beleza que caem bem no gosto do público. Abusa dos ritmos eletrônicos mas não abre mão da energia da bateria analógica,da guitarra e da percussão. Na apresentação em São Paulo, no bis, tocou um Whole Lotta Love, do Led Zeppelin, inesquecível. Desde 1999, ano em que foi lançado Play, que num efeito de lenta explosão ultrapassou a marca de um milhão de discos vendidos, Moby lançou uma profusão de hits que invadiram pistas de dança, trilhas de cinema e música incidental para filmes publicitários. É natural que na turnê brasileira tenha cantado uma porção delas. Em shows mesmo naqueles em que se apresentam músicas do “último CD”, são necessários pontos de sinergia e eles são as músicas mais conhecidas, aquelas em que o público vai cantar junto, dançar, espernear e gritar.
A cena era despojada com algo que deviam ser cortinas que pareciam folhas gigantes, dois carecas – Moby e o baterista – e quatro representantes do sexo feminino, todas de preto, duas em cada lado do palco: uma loira de cabelos longos e seu baixo Fender, uma morena ao fundo nos teclados, do outro lado, um oriental de microssaia tocando violino e uma cantora negra – Joy Grant – fazendo os vocais principais. À entrada climática de Seated Ways seguiu Extreme Ways, música que foi utilizada em Ultimato Bourne. Êxtase do público com a batida pesada da bateria e marcação do baixo em ‘Extreme…’. O restante foi essa mescla de músicas do último CD – Wait for Me, que tem um mood mais climático e menos batido – e de sucessos conhecidos. Foi um show impecável com apenas pontos altos e o que sobressaiu foi a levada mais rock com Moby empunhando a guitarra. Além do excepcional cover da canção de Page & Plant, em homenagem à sua cidade, cantou Walk on the Wild Side, de Lou Reed. Desde já está na lista dos melhores shows do ano. Empolgante.
Veja e ouça:
Extreme Ways:
Moby - Extreme Ways
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We Are All Made of Stars:
Moby - We Are All Made Of Stars
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