A hippie Medeleine |
Ele foi gravado em um clube de Los Angeles, o que lhe confere um clima intimista. A maioria das músicas do programa são do último CD. Sem ser maravilhoso, deve agradar seus fãs, que vão poder vê-la em suas tevês e telões e também aos que não possuem algum disco dela. Estão lá os maiores sucessos dos cds anteriores: Dance Me to the End of Love, de Leonard Cohen, La javannaise, de Serge Gainsbourg, a linda Between the Bars e, claro, La vie en rose.
A banda que a acompanha é de primeira, com Larry Klein no baixo, o discreto guitarrista Dean Parks, a “hippie” violinista “and other assorted instruments” Lisa Germano, o experiente pianista Jim Beard, Sam Yahel no orgão Hammond e piano elétrico e Joey Waronker na bateria. O show não tem nada desses momento catárticos em que o público grita, chora, canta junto ou esperneia. É todo mundo sentadinho em suas caderias a ouvi-la. E é desse jeito que você, provavelmente, assistirá a esse DVD – refestelado na poltrona ou no sofá, com um whisky ou uma taça de vinho do lado… ou uma taça de champagne, que, talvez combine mais. As canções são como as pequenas bolhas que essa preciosa bebida produz: lentamente ascendem até a superfície.
Bom, imagino que o propósito de Peyroux seja esse mesmo: preencher o ar com música de bom gosto e fazer do público cúmplice desse clima que cria. É o bastante, mas pode ser pouco para quem quer “aquele algo mais”. É, ela não o emocionará a ponto de fazer desses momentos algo inesquecível. Com certeza, fará a satisfação de muita gente. Pena que o dvd tenha sido focado no último cd, o mais fraco de todos. Na maioria das vezes o reconhecimento ou consagração pública não coincide com o ápice criativo do artista. É assim mesmo. Em hipótese nenhuma o classificaria como dispensável, tampouco como indispensável. Porém, apesar desse discurso um tanto vacilante, considero o show registrado em dvd uma prazerosa experiência. Não me conformo apenas com a consultora de estilo – se isso existe… figurisnista? – que a fez se apresentar com uma roupa pavorosa de apresentador de circo, com direito até àquele chapelão alto.
Bom, mas muito bom mesmo é um dos extras. O documentário com a participação de sua mãe, Yves Beauvais, AR, na época, da Atlantic Records, que a descobriu, do produtor atual, Larry Klein e de Daniel William Fitzgerald, músico de sua banda de “rua” nos tempos parisienses, é um belo painel de sua trajetória de vida, mostrando como aquela adolescente virou uma das principais intérpretes da atualidade. Porque tem uma coisa até surpreendente: ela não parece nem um pouco ambiciosa. Não é uma Madonna da vida ou muitas outras que entram no business da música e almejam o sucesso a qualquer preço. Yves Beauvais, no documentário Something Grand diz que, depois de ouvi-la cantando num bar, foi até ela com um contrato para fazer parte do casting da major Atlantic Records.Foi um custo fazê-la assinar. Teve que insistir e até fazer uma pequena “chantagem”. Assinou, mas sem fazer pacto com o diabo.
Bare Bones
Something Grand.
J’ai deux amours.
Publicado em 5/11/2009
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