sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Clint Eastwood, o homem que veio do oeste

His name is Clint. Eastwood
Alguém se lembra de que Clint Eastwood foi prefeito de Carmel? Pelo partido republicano, o que nos faz pensar que, gostos musicais são apartidários. Ele ama o jazz, assim como adorava Eisenhower e, até o caso Watergate, apoiou Richard Nixon. Depois disso, suas posições se tornaram dúbias, defendendo causas que estariam mais associadas ao partido democrata.

Não assisti a nenhum dos Dirty Harry, da vida, dirigidos por seu parceiro de muitos filmes, Don Siegel. Não vi Por um Punhado de Dólares ou suas continuações por causa de Clint: vi porque o filme era de Sergio Leone, um dos meus diretores preferidos. Quem fez Era Uma Vez no Oeste não precisa fazer mais nada para ser considerado gênio. Digo tudo isso, porque, confesso, até um certo tempo, tinha preconceito em relação a Eastwood. E preconceito é uma m….! Porém comecei a “rever os meus conceitos” ao assistir Bird, dirigido por ele. Forrest Whitaker faz o papel do maior sax alto de todos os tempos, Charlie Parker. Só fui ver um outro de Clint muitos anos depois: Os Imperdoáveis (Unforgiven, 1992) – grande filme –, e depois, Pontes de Madison (The Bridges of Madison County, 1995), sensível leitura do amor da meia-idade.

No entanto, a razão desse texto não são seus filmes especificamente. São os soundtracks lançados por sua gravadora Malpaso. O álbum lançado em razão do filme Meia Noite no Jardim do Bem e do Mal (Midnight in the Garden of Good and Evil, 1997) contém verdadeiras preciosidades, a começar pela sempre competente k.d. lang cantando Skylark. A tia do ator George Clooney, Rosemary Clooney, cantora das “antigas”, contribui com Fools Rushes In. Temos belas interpretações de Cassandra Wilson (Days of Wine and Roses), Tonny Bennett (I Wanna Be Around), o basieano Joe Williams (Too Marvelous for Words), Diana Krall (Midnight Sun) e o “Barry White do jazz”, Kevin Mahogany (Laura). As faixas instrumentais também são de primeira: Dream, com o pianista Brad Mehldau e I’m an Old Cowhand, com o sax tenor Joshua Redman. Como curiosidades há um registro de Ac-cent-tchu-ate The Positive, cantado por Clint e That Old Black Magic, com o ator – e bom cantor – Kevin Spacey, protagonista do filme.

Melhor ainda são as músicas dos álbuns The Bridges of Madison County (1995) e seu apêndice, Remembering Madison County. São preciosidades como Dinah Washington cantando I’ll Close My Eyes, Easy Living e Blue Gardenia e Irene Kral, grande intérprete, morta prematuramente em razão de um câncer, cantando It’s a Wonderful World e This Is Always. O destaque dentre as instrumentais são as interpretações do pianista preferido de Miles Davis, Ahmad Jamal, com (Put Another Nickel in) Music! Music! Music! e o consagrado Poinciana. Porém o melhor são as canções interpretadas pela “voz de trovão’, Johnny Hartman. Aqui, Clint Eastwood cometeu um verdadeiro crime: detentor dos direitos de alguns registros da extinta gravadora BeeHive, picotou o genial LP – nunca saiu em CD – Once in Every Life. Nele tem uma versão maravilhosa de Wave, de Tom Jobim e um não menos brilhante Moonlight in Vermont.

Em 1996 aconteceu um concerto em homenagem a Clint Eastwood no Carnegie Hall, com vários músicos de primeira. Quem tiver interessse em assisti-lo, está disponível em DVD: Eastwood After Hours: Live at Carnegie Hall. Grande concerto e grandes músicos.

Ouça algumas preciosidades do gosto de Clint.
Kevin Spacey canta That Old Balck Magic. É um trechinho só, disponível no youtube.




Dinah Washington canta I’ll Close My Eyes. As imagens não têm nada a ver com o filme Pontes de Madison.

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